Obras do artista Pedro Madeira Pinto, natural de Lisboa, trazem reflexão sobre desaparecimento gradual e constante do papel no cotidiano. Mostra faz parte da comemoração de aniversário da Complexo Iguales
O azulejo é uma das marcas mais distintivas da cultura portuguesa. E a partir desta quarta 20, esse símbolo tão peculiar dos nossos colonizadores, irá ocupar espaço de destaque nas paredes do Complexo Iguales. Contudo, não espere obviedades. A exposição Memórias de Papel, do artista português Pedro Madeira Pinto, traz o elemento de um jeito inovador, como inspiração gráfica para as obras produzidas por meio de colagem sobre tela, com recortes de histórias em quadrinho ou abordando temas diversos. A abertura está marcada para as 18h.
O projeto, explicou Pedro, nasceu da “reflexão sobre o desaparecimento gradual e constante do papel nas nossas vidas, enquanto suporte de leitura, quer seja para informação, conhecimento ou lazer”. Nas telas, há múltiplas interpretações em relação aos quadrinhos: de imediato, há uma grande personagem – em pose de foto de passaporte -, dentro da qual vários outros personagens são apresentados. “Uma interpretação mais imediata e outra mais aprofundada, requerendo mais atenção e proximidade”, explicou.
A inspiração gráfica partiu dos azulejos portugueses por diferentes razões. Logo de início, afirma ele, porque em Lisboa, no seu dia a dia, vive rodeado de padrões de azulejos. Além disso, os considera a forma mais criativa de arte popular, percorrendo séculos e gerações e é uma maneira de representar a sua nacionalidade. “De uma forma mais prática, os azulejos me permitem mais liberdade quanto ao tema escolhido, podendo representar de uma forma mais abrangente alguns exemplos do desaparecimento do papel”.
Seguindo o conceito das "memórias de papel" o passo seguinte foi direcionar e trabalhar especificamente o exemplo dos quadrinhos, que fazem parte de suas lembranças desde a infância.
A exposição marca a estreia de Pedro no Brasil. Após passar alguns dias de férias em Natal no inicio do ano, ele decidiu que voltaria. Contudo, no retorno traria além de objetos pessoais, suas obras de arte. O desejo de expor na Cidade do Sol tornou-se possível ao encontrar o Complexo Iguales, equipamento cultural que promove o intercambio entre artistas desde a sua fundação, um ano atrás. Além de Lisboa, de onde é natural, ele já expôs nos Açores (Museu de Angra do heroísmo), em Cabo Verde (Centro Cultural do Mindelo, em São Vicente) e em Macau (galeria Creative Macau).
Sua relação com a arte começou desde criança, mesmo que de uma forma mais ingénua e natural. Já adulto, estudou artes, enquanto seguia uma carreira de treinador de natação. “Quando acreditei ter alguma coisa a dizer, desenhando, dei início ao meu percurso artístico de uma forma profissional e a tempo inteiro. Aconteceu em 2007.”, revela.
Comemorações
A exposição faz parte do início das comemorações de aniversário do Complexo Iguales, equipamento cultural que abraçou a arte em todos os seus aspectos. Como tem feito neste quase um ano de fundação, o espaço promoverá mais uma vez o intercâmbio entre artistas. Na outra ala da galeria, estará em cartaz a exposição Malícias Místicas, do potiguar Demétrius Montenegro, que celebra uma década como profissional.
Ambas as exposições serão encerradas no dia 20 de dezembro, data exata em que o Complexo comemora um ano.
Complexo lguales 20 de novembro, às 18h Av. Hermes da Fonseca, 1062, Tirol
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